O país dos Perrengues
Toda a facilidade que encontrei no Japão usando meu querido Google para me comunicar e me deslocar não foram de muita ajuda ao chegar na Coreia do Sul.
Na Coreia do Sul para começar, os APPs que costumamos utilizar não funcionam, nem adianta tentar. Sabendo disso já havia baixado no celular os aplicativos que utilizaria na Coreia.
Antes mesmo de chegar à Coreia, quando estava planejando onde ir, já comecei a utilizar o VISIT KOREA saiba mais, pois não encontrava informações completas sobre os pontos turísticos das cidades que visitei. Esse aplicativo me foi muito valioso.
Para usar o GPS baixei o Naver Maps e o Maps.me. Eu que na vida toda só usei o Google Maps foi um horror. O Maps.me é bom porque você baixa a região que vai utilizar e usa off line, me preveni pensando em poder ficar sem internet no meio do nada e não saber para onde ir e isso me salvou quando estava em uma área de floresta em Busan.
Mesmo com eles na versão em inglês, colocava o nome do local onde queria me dirigir e eles simplesmente não aceitavam dizendo que não existia, me obrigando a procurar o nome em coreano e mesmo assim eles me davam bailes homéricos me levando para outros lugares pois os nomes são muito iguais. No fim consegui colocar as indicações com as latitudes e fui seguindo.
Nunca me perdi tanto em um país.😂😂😂😂 O bom que viajando a gente não se perde, só fica um pouco desorientado, você conhece outras coisas.
Não me preocupei muito com isso porque não iria parar sem querer no meio de uma favela e ser fuzilada.😨😧😗.
No primeiro dia foi difícil mas depois entrei no ritmo do GPS e segui em frente.
Os demais aplicativos utilizados foram o Kakao Talk (o whatup deles), Kakao T (taxi), NAVER (pesquisa), Naver Papago (tradutor) e em Seoul o Metro Subway Map
Um País Desconhecido
A Coreia do Sul até a pouco tempo era um país lá do outro lado do mundo, dividido em dois e que o seu lado Norte era governado por um maluco que vivi dizendo que vai colocar o dedo no botão vermelho e explodir o mundo. Não sabia mais nada sobre eles.
Veio a pandemia e, depois de ver tudo que era séries e filmes ocidentais no Netflix um dia esbarrei com um dorama "Tudo bem não ser Normal". Caramba, vou dar uma olhadinha.
Bem.... ainda estou olhando e perdendo noites sem dormir para terminar "só mais um episódio" das dezenas de séries e filmes asiáticos... e assim fiquei viciada, uma verdadeira dorameira 😱😱😱😱😱😍😍😎😎😂.
O que adorei nessa série além da estória, é que os livros infantis existem mesmo e estão a venda e eu os achei muito lindos.
Perdi o número de séries que já vi, que recomendei, que viciei amigos e ai a fora!
Uma coisa leva a outra e as série me levaram a algumas músicas coreanas que amei e até rapper Escute coreano estou escutando 😎😎😁😁.
Ficar imersa em séries, filmes e músicas coreana me fez ficar curiosa com esse povo . Lá fui tentar descobrir mais coisas sobre esse mundo coreano além dos filmes e séries, que por sinal sabem fazer um drama como ninguém.
Pouca coisa se encontra sobre a Coreia em si na internet, principalmente em português. Mesmo assim consegui montar um roteiro básico para o país com três cidades e lá meti a cara nessa aventura para encontrar a Coreia dos doramas, em especial os históricos quem amo de paixão.
Nos situando na História de um Povo Resiliente
Sua história começa no reino de Gojoseon que vai de 2.333 a.c. a 108 d.c. com o primeiro rei mitológico Tangun. Seu aniversário é considerado o dia da Fundação Nacional e é celebrado no dia 03 de outubro, feriado nacional.
Nos primórdios de sua história três reinos, Silla, Goruryeo e Baekje, poderosos foram se estabelecendo em seu território com mais a hoje Manchúria. Num vai e vem de guerras, invasões, ataques e defesas a península chegou a dinastia Joseon.
A grande última dinastia foi a de Joseon, de 1392 a 1910 (derrubada pelos japoneses). Foi nesse período que reinou SEJON, o Grande.
Durante o reinado de Sejong, o Grande (1418-1450),quarto monarca de Joseon, a Coreia conheceu um desenvolvimento da cultura e arte sem precedentes.
Sob a sua orientação, os acadêmicos da real academia criaram o Hangeul, o alfabeto coreano. Era denominado Hunminjeong-eum, ou “sistema fonético correto para a educação do povo”.
Deste período até o presente a Coreia sempre viveu sobre estado de guerra, sendo invadida por seus vizinhos, a China, a Rússia e o pior de todos, o Japão.
A pior de todas foi a invasão japonesa com seu período colonial, de 1910 a 1945. Esse período foi devastador para a Coreia que foi inclusive proibida de ensinar coreano nas escolas ou falar sequer coreano. Os relatos desse período são bem assustadores.
Até hoje o Japão se recusa a pedir desculpas pelas atrocidades cometidas nesse período.
Uma delas foi a de centenas de mulheres que foram sequestradas, a maioria agora morta, tornando-as "mulheres de consolo". Era assim que chamavam as mulheres sequestradas e prostituídas para uso dos soldados. Saiba mais.
Em frente a embaixada do Japão em Seul e na Zona Desmilitarizada - DMZ, você encontra estátuas homenageando essas mulheres.
Mas o pior ainda estava por vir. Ao final da Segunda Guerra, a Rússia e os Estados Unidos se reuniram e decidiram, sem conversar com a Coreia, que ela seria dividida em duas, no paralelo 38. Uma parte para a Rússia comunista e outra sobre a influência dos Estados Unidos.
E vejam que a Coreia tem uma fronteira minúscula com a Rússia o resto é toda com a China.
E em virtude desse acordo catastrófico feito, em 1950 a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul e conseguiu dominar tudo em questão de dias. A última cidade a resistir ao ataque até que tropas americanas conseguissem chegar para ajudá-los foi Busan.
Até hoje na verdade essa guerra não finalizou, pois só foi assinado um armistício, em 1953, que dura até hoje. Foi mais um dedo podre dos americanos no continente asiático, como no Vietnã, Camboja, Filipinas, etc....
Isso foi um big resumo de toda a história, só para se situar um pouco de como o povo coreano esta correndo atrás do prejuízo.
Se pensarmos bem, a Coreia do Sul só é democrática nos últimos 70 anos, o povo viveu quase toda a sua história como servo, ou dos nobres ou dos invasores. É a primeira vez que ele desfruta integralmente da responsabilidade de uma democracia e tudo que ela representa.
Saiu de um dos países mais pobres do mundo (década de 1950 e 60) até se tornar uma nação desenvolvida e de alta renda em apenas uma geração (particularmente a partir da década de 1980).
Chegando a Busan
Voei do Japão, Fukuoka, para a Coreia pela Korean Air, num voo de 2 horas. Foi um voo muito confortável, com aeromoças muito educadas e lanche japonês muito gostoso também.
A alfândega coreana não é nada complicada para passar. Apresentei o passaporte disse quanto tempo ficaria e pronto fui pegar as bagagens.
O aeroporto de Gimhae, em Busan, não é muito grande, talvez do tamanho do de Florianópolis. Logo na saída do lado direito esta localizado o banco para se trocar dinheiro para o WON.
Como não tem diferença de cotação, fiz como no Japão troquei tudo o que iria utilizar durante a visita.
O complicado foi achar o Rent a Car. Jesus da paciência fiz buraco no térreo procurando a famigerada e nada de achar o nome. Perguntava na informação e eles não conheciam. Mandavam para o setor onde ficavam as Locadoras.
No final resolvi passar em todos os balcões, e adivinhem..... o nome que esta no contrato não corresponde ao nome no balcão. Eu queria matar o atendente. Perdi nessa brincadeira 1 hora.
Mas para compensar ganhei um carro zerinho, lindo. O carinha ficou me dando instruções um tempão. O que ele mais marcou foi que eu tinha que comprar um cartão para colocar no carro para pagar as taxas da auto estradas. Ok, se for entrar numa eu compro pensei.
A outra instrução, que frisou umas 3 vezes, foi o número da coluna (18) do viaduto que passava por cima do estacionamento, que eu tinha que decorar para achar a locadora quando fosse devolver o carro. Jesus, agora tô com medo, e se perder a entrada não vou achar nunca mais? 😱😱😱😱😰😰😳.
Saindo já apavorada com tanta instrução e recomendações, peguei a estrada rumo ao hotel. Ok tudo fácil, Já tinha colocado no Naver com antecedência todo o caminho, não vai ter erro. Será?
Depois de 1 hora de viagem cheguei a famosa praia Haeundae onde ficava meu hotel. E lá vem perrengue de novo e novamente,..... o Naver dizia, "você chegou ao seu destino", olhava pelos lados e nada de ver o hotel ou sua placa. Rodava e rodava pela rua e nada, chegava no local e só tinha prédios sem placa nenhuma e me deixava bem em frente de um estacionamento.
No desespero, estacionei o carro na rua e fui procurar a pé o tal hotel. Não foi minha surpresa que contornando o prédio dei com várias plaquinhas pequenas com o nome de um monte de hotéis e lá estava o meu.
Plea de Blanc. O prédio com certeza era um prédio de apartamentos que foi transformado em residências de temporada. A recepção bem estranha e feia com o recepcionista mais ainda. Mal falava inglês.
Minha antena de alerta ficou a mil mas como estava morta de cansada e faminta resolvi dar entrada no hotel. Fiz o check-in, coloquei o carro no estacionamento, que era aquele que o Naver me parava 😁😁😁😂😂😂, e subi para o quarto.
Depois de toda a apreensão foi uma ótima surpresa. O apartamento era ótimo, tudo muito limpo. Aprendendo com a Coreia, nem tudo é o que parece 😂😂😂😇😇
Deixei as bagagens, coloquei mais roupa que já estava bem frio e fui conhecer a redondeza do hotel.
Haeundae é a praia mais famosa de Busan. Sua orla é muito bonita e elegante, com prédios altíssimos.
Mesmo no fim do dia e com a temperatura abaixo dos 10 graus, havia muitas pessoas passeando no seu calçadão e pela areia, aguardando o por do sol, que por sinal foi lindíssimo.
Quando não aguentava mais de frio e fome sai procurando algo que estivesse aberto porque ainda eram 18 horas e só encontrei um restaurante italiano abrindo naquele horário.
Bom... comida italiana não tem como errar, não é mesmo, nada de experimentar comida estranha no primeiro dia. 😍😍😍😍
E lá veio o pedido, Espaguete com frutos do mar, acompanhado por um chopp, aqui graças a Buhda ou a Confúcio a cerveja vem gelada, ainda bem...
Prestem atenção na cor do prato, um molho de tomate maravilho, será?
Também pensei, fui com tudo com o meu hashi, peguei um punhado de macarrão e coloquei na boca.. me deliciando. Jesus do Céus 😱😱😱.. O que foi isso?
Na terra do kimchi, o vermelho só podia ser da pimenta. 😁😁😂😂😂😂. Aqui é pimenta com...... frutos do mar, galinha, siri.. o que você escolhesse.
A carne é só acompanhamento para a pimenta. Havia me esquecido desse detalhe, eu que como comida coreana toda a semana.
Enquanto colocava a porção na boca o chef e o garçom ficaram de olho em mim, mais uma ocidental que vamos abater, bem pensaram.
Não me fiz de rogada, essa eles não iriam ganhar!
Comi a primeira porção sem alarde, tomei um pouco do Chopp.
Meu orgulho me fez comer tudo até o fim, mas tive que pedir mais um chopp, não dava pra aguentar.
Depois da terceira garfada você não sente mais nada, a boca fica dormente, a língua inchada e aí é moleza vai em frente, você não vai sentir mais nada por um bom tempo 😂😂😂😂.
E essa foi minha primeira experiência na terra da pimenta! Ainda virão muitos perrengues pela frente....
Lindo demais 👏👏🤩🤩
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