HIROSHIMA - Da morte e destruição ao recomeço
Algumas vezes sentei em frente ao meu computador para começar a falar de Hiroshima, mas abandonei já com o coração dilacerado.
Mesmo depois de 6 meses da visita, quando revejo o que vi no Memorial e lembro que nós humanos pudemos um dia ter feito uma atrocidade como Hiroshima e Nagasaki perco a esperança em nossa raça.
Este ano fará 80 anos desse genocídio e cá estamos nós, mais uma vez, a beira de outra Grande Guerra. Não aprendemos nada com os horrores infligidos nas guerras passadas!
Os tempos sombrios mais uma vez rodam nosso futuro. O que fazer?
Quem sabe parar de transmitir e retransmitir "fake news" sobre ódios e ideologias radiais fosse o primeiro passo !
Desculpem se esse post será difícil de digerir, mas as vezes precisamos relembrar o passado para prevenir um futuro pior.
Hiroshima, sob a sombra do inferno nuclear
Hiroshima precisa ser vista de duas maneiras: como um ensinamento, um aviso sobre as atrocidades da guerra nuclear, e como uma fênix que ressurgiu após tanta destruição, um triunfo do espírito humano.
Quando os Estados Unidos lançaram a bomba em Hiroshima, a “Little Boy”, rabiscada com mensagens obscenas dirigidas ao imperador japonês, dezenas de milhares de pessoas foram queimadas até a morte, enterradas vivas pelos escombros ou atingidas por escombros lançados no ar.
As pessoas que estavam no ponto de detonação da bomba, ou hipocentro, foram incineradas e sua existência eliminada instantaneamente. O verdadeiro número de mortos , estimativas variaram de 100 mil a 280 mil, nunca será conhecido.
Não vou me estender em um assunto que todos sabem e sempre foi tão falado, mas nunca completamente entendido. Para os que quiserem saber um pouco mais deixo abaixo alguns artigos:
- Veja
Shinichi Tetsutani, de 3 anos, estava andando neste triciclo quando a bomba foi lançada. Naquela noite, ele morreu em decorrência das queimaduras excruciantes, e ele e seu triciclo foram enterrados juntos. Décadas depois, quando o corpo de Shinichi foi levado para o túmulo da família, seu pai, Nobuo Tetsutani, doou o brinquedo precioso para o Memorial da Paz de Hiroshima
Conhecendo Hiroshima
Castelo de Hiroshima - Saiba Mais
Castelo de Hiroshima é um edifício de cinco andares e cercado por um fosso.
Também é chamado de Castelo de Koi, Castelo da carpa, porque existem muitos koi no fosso do castelo.
Ao contrário dos demais castelos construídos nas colinas e picos, o de Hiroshima é construído na planície, no centro da cidade. É chamado de Três Grandes Planícies, junto com o Castelo de Nagoya e o Castelo de Okayama.
Hiroshima se desenvolveu como uma cidade ao redor de seu castelo, e o castelo era o centro físico e econômico da cidade.
O Castelo de Hiroshima foi construído em 1589 pelo Daimyo Mamoru Terumoto e era uma importante sede de poder no oeste do Japão.
Poupado durante a restauração Meije de ser destruído, foi completamente arrasado pela bomba atômica em 1945.
Não entrei porque era mesmo uma reconstrução, mas ele fica em um parque muito bonito e tem um templo pequeno dedicado a segurança do trânsito. Para alegrar meu dia lá estava uma linda garotinha com sua mãe em trajes típicos para receber as bençãos, uma fofa.
Jardim Shukkeien - Saiba Mais
Através do cuidadoso cultivo da terra e vegetação, o jardim reproduz uma variedade de formações naturais e vistas cênicas.
O jardim exibe várias características da estética tradicional dos jardins japoneses. Em volta do lago principal do jardim há algumas casas de chá que oferecem aos visitantes vistas ideais do cenário ao redor, mas no momento estavam fechados e não pude desfrutar.
O jardim todo está conectado por um caminho que passa pelo lago no centro do jardim. O caminho passa através de todos os cenários miniaturizados do Shukkei-en.
Seguir esse caminho em volta do jardim é a melhor maneira de apreciá-lo e foi o que fiz, num ir e vir calmo e tranquilo.
O Shukkei-en tem uma longa história que remonta ao ano 1620, logo após a conclusão do Castelo de Hiroshima. Ele foi doado em 1940 pela família Asano e foi aberto ao público logo a seguir.
O jardim serviu de refúgio para as pessoas feridas durante o bombardeio atômico de Hiroshima, embora também tenha sido danificado no ataque.
O jardim reabriu oficialmente em 1951 após grandes renovações. Do tempo da bomba ainda tem uma árvore sobrevivente, a única que se curou da radiação e esta de pé no parque.
Não tirei a foto dela agora porque estava toda coberta, já de pijamas, para o inverno. Mas ela continua assim inclinada.
Satisfeita com o jardim e em paz com meu coração aflito segui para o Memorial e Museu da Paz.
Memorial e Museu da Paz -
Difícil compreender como alguém em sã consciência e de sua plena faculdades mentais, utilizando a desculpa que é para acabar com a guerra, solta uma bomba do tamanho da Little Boy sobre uma cidade.
Cada lugar, cada estátua nos recorda a dor da perda. O jardim do Memorial da Paz, epicentro da detonação, é introspectivo como o momento nos pede.
Por todo parque não havia crianças correndo, rindo se divertindo, como os demais, todos andavam por ele desfrutando sua paz mas relembrando o que havia visto no museu.
Em 6 de agosto de 1945, às 08:15 da manhã, a primeira bomba atômica da história foi detonada em Hiroshima, resultando na morte de mais de 146 mil pessoas.
Hoje, 100% reconstruída, Hiroshima atrai viajantes do mundo todo para seu Memorial da Paz. O local é uma verdadeira lição de vida e de reconstrução.
Comecei pelo prédio do Museu da Paz. Com a entrada recebemos um áudio guia em português. É contata toda a história de Hiroshima de antes da bomba cair, durante e depois da bomba deixando uma bonita mensagem de paz mundial no final.
“A guerra é obra do homem. A guerra é a destruição da vida humana. A guerra é a morte.
Lembrar do passado é comprometer-se com o futuro. Lembrar Hiroshima é abominar
a guerra nuclear. Lembrar Hiroshima é comprometer-se com a paz.” FEV.19, Papa João Paulo II
Foi uma visita bem tocante como havia previsto em meu coração e que vai, sem dúvida nenhuma mexer com os sentimentos, e não foi diferente comigo, o nó na garganta ficou por muito tempo.
As pessoas saiam arrasadas do museu. E só vimos Hiroshima, nem vimos Nagasaki onde a ajuda demorou a chegar.
O museu também traça um panorama de onde estão as armas nucleares existentes no mundo, e quais os perigos dessas armas.
É uma visita densa, mas muito real e que te faz parar e pensar muito na vida, nas pessoas e nas guerras.
Não é um museu para Self e fotos, sim para para a introspecção, meditar sobre para onde estamos caminhando, e como evitar que isso aconteça novamente.
Os depoimentos dos sobreviventes e as fotos são tão cruéis que não dá para pensar que possa ser verdade. Escutei e li muitos depoimentos dos sobreviventes do holocausto, mas isso é completamente diferente. Não tem parâmetro para comparação!
Para aplacar meu coração fui andar pela Parque da Paz que é muito lindo com seus monumentos à paz.
O Sino da Paz - O Parque tem 3 sinos, o mais conhecido deles fica pertinho do monumento as crianças e tem o desenho de um mapa mundo com o símbolo atômico no meio. As pessoas são convidadas a tocá-lo e ele pode ser ouvido de bem longe para propagar a paz e muitos realmente o tocam se som é muito lindo.
O Mausoléu (The Bomb Cenotaph), uma bonita escultura de formas arredondadas, lá estão os nomes de cada uma das pessoas que faleceram durante a tragédia. Ele fica perfeitamente alinhado a Chama da Paz e ao Duomo da Prefeitura. Uma visão muito inspiradora.
As Chamas da Paz, que é uma tocha que permanecerá acessa até que todas as armas nucleares do planeta sejam destruídas.
O Genbaku Domu ou atomic Bomb Dome, a sede da antiga prefeitura de Hiroshima, um dos poucos edifícios que sobreviveram a explosão da bomba e foi a única estrutura preservada em memória do ocorrido. Ele estava a 160 metros do epicentro da bomba.
O dia continuou a influenciar a minha alma com aquela chuvinha fina que não parava nunca e eu resolvi encerrar minha visita por ali mesmo.
Atravessei a ponte para voltar caminhando até o hotel para digerir tudo o que havia visto e acabei por entrar num mercado coberto bem legal, pena que estava com meu espírito abalado mas resolvi comprar uma mala para colocar o Kimono da Manoella e achei uma bem baratinha, já que o que não preciso é de mais mala em casa. O pior foi ficar arrastando aquela mala até o hotel pois, como em toda a cidade na chuva, os taxis desapareceram.
Para compensar o dia e a caminhada até o hotel de mala na mão, resolvi tomar um banho e sair para beber, bem merecia. Depois de duas garrafinhas de saquê quente e um peixinho, já me sentia melhor e planejava o dia seguinte!
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