Com minha mochila nas costas comecei minha aventura pelo o interior do Japão, agora é que se separa o turista do aventureiro. O aventureiro sempre entra em encrenca ahahahahahah!!!!!
Comecei o dia com o pé esquerdo, o trem que eu queria tomar às 08:30 estava todo reservado e não pude pegar, então voltei ao guichê e reservei uma poltrona para o próximo, às 09:00h.
O erro veio para melhor já que aquele estava lotado de turista, Budha sempre olhando por essa aventureira!
Quando cheguei a Matsumoto a turma já tinha seguido em frente e a fila estava pequena. Quando saí a fila estava quase na entrada.
Chegando a Matsumoto (Saiba Mais)
Para chegar a Matsumoto de trem leva em torno de 3 horas. O trem sai da Estação Shinjuku, Tokyo, fazendo uma baldeação em Nagano.
Da estação Nagano, pega-se o trem da linha local Shinonoi ou o Limited Express Shinano para a estação Matsumoto.
Da Estação Matsumoto, pode-se caminhar 15minutos até o castelo ou pegar o ônibus local que tem um ponto de parada bem em frente, custa 200 ienes.
Outra coisa maravilhosa para turista no Japão, em todas as estações tem armários de todos os tamanhos para vocês colocar suas malas e mochilas. É a salvação da lavoura para não ficar andando com peso.
E assim que cheguei na Estação de trem me dirigi à Estação de Ônibus que é ao lado, comprei minha passagem para Takayama e fui atrás dos Locks (guarda-volumes) me livrando do peso da mochila. Agradeço aos japoneses por essa comodidade!
Eu fui de ônibus e voltei caminhando, uma delícia. Minha primeira vez em um ônibus no Japão e a ansiedade estava me matando, e o medo de me perder...
O uso do ônibus é muito intuitivo, pelo menos eu achei. Você entra e na frente, ao lado do motorista tem um painel dizendo todos os pontos que faltam para o final da linha e o preço até cada trecho, o preço vai mudando por km andado como o taxi, mas é muito barato.
E o melhor de tudo, o ônibus para em todos os pontos mesmo que não tenha alguém para descer ou entrar. Ele segue rigidamente o roteiro. Então é só saber quantos pontos faltam para você descer. A cada ponto eles informam que ponto é ele e o ponto próximo de parada em japonês, chinês e inglês. Mesmo em pequenas cidades que não recebem tanto turista notei que isso era regra.
Agora o que gostei mesmo foi o pagamento da passagem. É o próprio motorista que faz. Ao lado dele tem uma máquina e você deve colocar as moedas no valor correto. E se eu não tenho?
Fica frio! Você coloca em outra entrada da máquina o que você tem moeda maior ou nota, e ela te dá o troco em moedas. Assim você separa o que precisa e paga. Simples como roubar doce de criança ahahahahaah!!!! Em tudo o motorista te orienta e ajuda muito educadamente.
Para cada passageiro que sai ele cumprimenta e agradece por usar o ônibus. Isso presenciei em todas as cidades em que usei o ônibus, por mais cheio que estivesse ele cumprimenta cada um respeitosamente ao saírem.
O ônibus tem parada junto a entrada lateral do Castelo que estava em reforma e ao entrar deu para fotografar como foi construído o muro.
Por dentro ele é todo trançado de bambu e cordas, depois preenchidos com estuque. Bem interessante, não pensei que seria resistente para formar um muro.
Depois dessa entrada à esquerda, tem um jardim externo onde estava acontecendo uma apresentação de armas samurais bem legal. Fiquei por lá um tempinho vendo os velhinhos se sentido os idolatrados samurais.
Para entrar no Castelo temos que atravessar o fosso interno com sua ponte e portão grandioso junto ao grande jardim . Assim que passamos por ele temos a visão do deslumbrante Corvo, lindo!!!! Ladeando a ponte encontramos lanternas com desenhos que representam as escuderias dos Daimiôs que lá viveram durante esse tempo todo.
O Castelo do Corvo
Apelidado de “Castelo do Corvo” por causa de seu exterior preto, O Castelo Matsumoto é um dos 12 castelos originais restantes em todo o Japão. Os castelos no Japão são considerados originais se conservarem uma torre de menagem construída antes do final da era feudal (antes de 1868). (A torre de menagem ou torreão, é a estrutura central de um castelo medieval, definida como o seu principal ponto de poder e último reduto de defesa, podendo em alguns casos servir de recinto habitacional do castelo).
O Castelo de Matsumoto é um dos cinco castelos designados como 'Tesouros Nacionais do Japão' e a mais antiga torre de castelo de cinco níveis e seis andares remanescente no Japão.
A construção começou em 1592 da elegante estrutura preta e branca com suas três torres.
Dentro do castelo há escadas bem íngremes, elas foram construídas para evitar que as tropas inimigas subissem a fortaleza e eram usadas também como última defesa.
Juro que não sei como eles conseguiam subir e descer essas escadas com toda a armadura para batalhar. Inacreditável, deviam ter uma resistência sem limites!
O caminho que vai do primeiro ao sexto andar da torre principal consiste em 7 lances de escadas separadas. As escadas não são só separadas umas das outras, mas também sobem em inclinações íngreme de 55 a 61 graus e as escadas entre o quarto e quinto andares são mais íngremes com cada degrau subindo aproximadamente 40 centímetros.
As estreitas janelas de madeira, outrora usadas por arqueiros e pistoleiros, oferecem vistas incríveis dos Alpes japoneses, da cidade de Matsumoto.
Embora tenha sido construído durante o Período dos Reinos Combatentes, nunca viu batalhas e, em vez de se tornar um símbolo de guerra, tornou-se um símbolo das pessoas que trabalharam tanto para protegê-lo.
À primeira vista, pode não ser fácil dizer o que há de único no Castelo de Matsumoto. A maioria dos castelos japoneses parecem bastante semelhantes. Mas se olharmos mais atentamente, veremos a engenhosidade em sua construção.
Contando de fora, vê-se a torre de menagem principal do Castelo de Matsumoto tem cinco andares, mas ao entrar na torre de menagem, descobrimos que na verdade há seis andares no interior.
Ao esconder um andar extra dentro do castelo, foi possível esconder mais tropas do que o inimigo esperaria. Ao chegar ao sexto andar, podemos apreciar a vista da cidade e das montanhas.
Uma das características mais peculiares do castelo são as suas duas torres adjacentes, construídas em duas épocas muito diferentes no Japão.
A primeira torre foi construída durante o Período dos Reinos Combatentes – com o objetivo de defender o castelo dos invasores. Tem muitas pequenas janelas através das quais os soldados disparavam seus rifles.
Em contraste, a torre Tsukimi Yagura, facilmente identificada pela sua grade externa vermelha brilhante, foi construída durante o Período Edo, uma época de paz, e seu objetivo era a observação da lua.
Os telhados são uma beleza a parte em sua delicadeza.
Ao entrar no castelo você tira o sapato e coloca numa sacola que eles entregam. Eu já prevenida tirei minha meia da "Minnie" e lá fui faceira Ahahaha!!!.
A turminha olhava para o meu pé disfarçando para ver auele pé de bolinhas pretas e lacinho vermelho!.
Depois que você entra tem que seguir a fila, não dá para voltar. Então seguimos o roteiro.
É incrível como eles podiam andar no castelo com aquelas escadas defensivas. As escadas tem uma inclinação e a altura dos degraus irracionais. Pensando que os japoneses eram do meu tamanho naquela época, e andavam todos de armadura.
Eu tive uma dificuldade danada pra subir os degraus, teve hora que eu queria subir de gatinho ´pois as pernas não tinham tamanho para isso 😉😉😉😉😉ihihihihihii!!!!
O Castelo por dentro é bem espaçoso, com áreas abertas e de fácil caminhar. Em cada andar tem expositores apresentando utensílios e armas da época do castelo bem interessantes.
Em uma vitrine está exposto um pedaço da parede original do castelo de quando ele foi restaurado em 1950-55. A parede tem uma espessura de até 29,4 cm e podia suportar até tiro de mosquetes.
Nessa andança o mais louco é que tinha uma velhinha que até a entrada do castelo foi de cadeira de rodas e depois seguiu com duas muletas, nas fotos ela aparece duas vezes de camisa verde, e subiu orgulhosamente tudo sem reclamar.
O Castelo é soberbo mesmo, maravilhoso. Meu primeiro castelo japonês, não pude crer! Valeu toda a dificuldade.
Chegar ao sexto andar foi hercúleo, mais a vista nos faz esquecer de tudo, até quando nos viramos e nos deparamos com as escadas na descida. Tudo começa outra vez 😂😂
Quando terminou dei um ufaaaa!!! e sai para caminhar pelos jardins e fotografá-lo pelo foço.
O Jardim Externo - Um deleite aos olhos!
Aqui encontrei outra família de brasileiro. O filho já morava no Brasil a 25 anos e os pais estavam visitando. Batemos um papo andando e fotografando. Quando disse que era de Florianópolis eles disseram que haviam encontrado outra moça de Florianópolis sozinha hoje, incrível quem será? Como tinha tempo resolvi voltar andando para o terminal de ônibus onde pegaria o ônibus para Takayama.
Matsumoto é uma cidade localizada na província de Nagano, com uma população em torno de 200 mil habitantes e é uma gracinha.
É a porta de entrada para os Alpes Japoneses, meu próximo roteiro, e um destino imperdível. Também é o local onde a artista de vanguarda mundialmente famosa Yayoi Kusama (Saiba Mais) nasceu.
A cidade tem um ônibus decorado com bolinhas em homenagem a ela para ver as paisagens e conhecer a região, infelizmente não estava funcionando quando fui.

Um Novo Presente de Budha
Na estação resolvi entrar no café para almoçar e novamente ganhei um grande presente de Budha. Realmente o dia todo foi muito especial.
Quando entrei estava cheio e fiquei em pé esperando lugar, uma senhora ficou fazendo sinal sorrindo. Eu olhei pro lado pensando que ela estava chamando alguém e estava é me convidando para sentar com ela.
Ela tomando café não parava de sorrir e meio que tentava se expressar timidamente e eu sorria e aguardava meu macarrão com frutos do mar.
Tomando coragem ela se dirigiu à mim em japonês e eu respondi o de sempre - Não falava japonês - em inglês e, claro, ela não falava e nem entendia inglês.
Depois das várias tentativas dela em se comunicar, peguei o celular e liguei o tradutor, mostrando como se utilizava. Ok! Podia ter feito isso desde o início mas estava tão cansada que meio que queria um momento comigo mesmo 😌😏
E lá começou o papo via Google, santo Google hihihihihi!!
Na empolgação ela me contou sua história.
Era sozinha, morava em Tokyo e sempre que podia saia para outros lugares para encontrar pessoas e entabular conversas. Senti uma pena dela, como ela deve ter milhares de idosos iguais, em completa solidão.
Ela ao menos fazia alguma coisa com a solidão dela. Ficamos assim na conversa um bom tempo, eu contando o que tinha visto no Japão e como era o Brasil.
Quando informei que precisava ir pois meu ônibus iria já sair para Takayama, ela pegou um papel e escreveu uma cartinha em japonês bem bonitinha dizendo quem ela era, com o endereço e telefone dela, caso eu tivesse alguma dificuldade que ligasse para ela, preocupada de estar viajando sozinha.
Assim passou minha hora e meia que tinha de espera. Foi muito emocionante isso.
Esse episódio me lembrou de um outro de quando estava a trabalho no Rio de Janeiro. Era meu aniversário e para marcar a data decidi ir a Exposição de Rodin que estava acontecendo no Museu Nacional.
No metrô encontrei uma senhora que me perguntou qual era a saída para o Museu e eu disse que estava indo para lá e seguimos juntas.
Na entrada do museu fui impedida de entrar pois era só para escolas e idosos, naquele tempo ainda não tinha os cabelos brancos nem rugas que tenho hoje, naquele horário. Em retribuição, ela disse que eu era sua acompanhante e seguimos juntas pela exposição.
Durante nossa conversa descobri que ela era judia e havia ficado em um Campo de Concentração quando criança onde perdeu toda a família. Ela me contou isso quando percebeu que eu havia visto a tatuagem em seu braço, ainda bem perceptiva.
Acho que esse foi meu grande presente de aniversário. Foi uma benção testemunhar a vibração de vida que ela ainda tinha, e eu triste porque estava passando um aniversário sem a família!
Mas voltando a nossa japonesinha, quando me despedi ela veio e me deu um grande abraço. Um japonês abraçando um estranho, inacreditável! Diz que isso não foi um presente?
Rezando para não encontrar São Pedro
Assim emocionada com meu encontro, peguei o Ônibus e quase me arrependi de sentar no primeiro banco e ver a estrada.
Até sair da cidade e começar a subir a serra foi uma maravilha. A paisagem que passava pela janela era linda, diferente do que eu havia visto até agora. Era lavoura mais lavoura, bem cuidadas e as casas tradicionais, embora pequenas, com tetos azuis eram arrumadinha, bem bonitinhas.
As estradas perfeitas com grandes túneis, as vezes intermináveis. ESqueci que estava subindo os alpes japoneses.
Aí a coisa começou a pegar. Depois que saímos da estrada principal para pegar a estradinha secundária que iria para Takayama quase fui fazer uma visita para São Pedro!
O coitado do motorista não passou dos 50km/h . Era curva sobre curva numa estradinha minúscula, túneis intermináveis. As curvas ele tinha que fazer na contramão de tão pequena que era a estrada.
Teve hora que achei que São Pedro ia nos chamar Ahahaha!!!!. Se eu morresse ali eu ia pro céu cristão ou budista?????? Mas segurando na mão de Deus e Buhda chegamos são e salvos.!!
Criando memórias
Estar com a família, tomar um vinho, cerveja ou soju com os amigos, jogar conversa fora com as amigas, viajar e conhecer mundos novos ....isso é criar memórias para que possamos seguir sonhando. Para mim isso é que faz a vida vale a pena,
Espero que as memórias criadas do dia de hoje tão especiais fiquem comigo até o final e que nem o namorado alemão que todo idoso acaba tendo, o Alzheimer, não leve embora!💖💖💖
Hoje tive muitas para guardar e relembrar nos meus dias futuros !
Para compensar o susto do caminho tortuoso, o hotel em Takayama é bárbaro, muito charmoso e o staf muito educado e prestativo, tem até SPA.!!!!!
Ele fica a uma quadra da Estação de Ônibus e trem e fica bem na zona histórica de Takayama. Não vou nem precisar me deslocar muito para conhecer-la.
A noite já esta bem frio, pois já estamos no outono e aqui é montanha. Cheguei com 10 graus e amanhã a previsão é de mais frio e com chuva. Vai ser assim que vou conhecer Shirakawa-go, que pena.
Estou tão cansada que vou deixar o spa para amanhã, vou é de banheira mesmo!
Amiga querida, o texto é muito bom para se ler, fatos históricos muito bem explicados, o humor presente é fotos lindas. Parabéns!
ResponderExcluirIolita.
Obrigada querida amiga.
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